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Adaptação: o que você faz quando pisa na m#%*@?

O que você faz quando pisa na merda? Reclama, xinga a todos, limpa na calçada do vizinho, chora no canto e nunca mais passa por ali? Ou você dá uma xingada de leve no responsável anônimo que deixou a merda lá, afasta a merda para o canto pra outro não pisar, limpa seu tênis e segue em frente? A escolha e a atitude são suas. E a adaptação também. Porque uma hora a merda aparece e você pisará nela, não tem jeito. É justamente nessa hora que todo mundo estará te olhando e saberá quem você realmente é, quais são suas verdadeiras atitudes diante das adversidades e qual o seu poder de adaptação.

Adaptação não é baixar a guarda.

Se existe uma palavra que pode definir nossos rumos e a maneira como encaramos a vida, nosso trabalho, carreira, sonhos e frustrações, essa palavra é: adaptação. A começar por Charles Darwin, que em sua teoria da evolução das espécies nunca teria dito que o mais forte sobrevive na natureza, mas sim o mais adaptado, também cheguei a conclusão, após quase 20 anos de trabalhos, que a frase do famoso naturalista inglês se aplica perfeitamente a cada um de nós em nossas vidas pessoal e profial. Da mesma maneira que um animal evolui e se adapta a ambientes hostis, recursos escassos e relações difíceis, certamente convivemos com situações muito similares em nossas vidas.

Somos sim capazes de nos adaptar a qualquer tipo de situação, ambiente ou dificuldades. Aprendemos com elas e seguimos em frente. O problema é que a capacidade de adaptação que temos a situações desconfortáveis é a mesma para situações confortáveis demais, e às vezes baixamos a guarda quando devemos sempre estar ligados e prontos para agir.

Prepare-se para o inesperado.

Vivemos cercados e influenciados por circunstâncias que podem nos favorecer ou prejudicar, e isso dependerá de como reagimos e nos adaptamos a elas.  Situações circunstanciais não marcam hora para aparecer diante de nós – ou você já recebeu um WhatsApp dizendo “olha lá o cocô ali no seu caminho!”?

Por mais planejados, detalhistas e ligados em dados e estatísticas que formos, nunca estaremos 100% preparados para uma situação adversa que possa aparecer. Não é possível prever tudo. O importante é estarmos preparados e principalmente termos a sabedoria e a agilidade para nos adaptarmos rapidamente, mudarmos a rota, buscarmos apoio, resolvermos o problema e seguirmos em frente de outra maneira.

Adaptação é uma questão de escolha.

Por mais imprevisível, cruel e desfavorável que possa ser uma situação, no final das contas é inegável que ainda temos algo a fazer e nos apegar. Temos a escolha. Temos o poder de escolha para decidir, quase no exato instante, como vamos reagir e resolver esse problema que subitamente apareceu. E de novo: é justamente nessa hora que as pessoas estão nos observando.

Para citar alguns exemplos práticos, pude aprender dentro da organização de um dos maiores eventos de líderes empresariais e chefes de Estado do mundo que quanto menos você espera, algo pode – e vai – acontecer. E tudo dependerá do seu preparo e de sua capacidade de adaptação e reação para que o resultado final seja o melhor possível.

Trabalhar na organização do Fórum Econômico Mundial foi uma das experiências mais intensas no exercício de adaptação e reação que tive em toda minha vida. Afinal, um leve deslize, um planejamento mal feito, ou a falta de ação e atitude em algum momento, pode levar a constrangimentos para grandes clientes ou até incidentes diplomáticos sérios. Em um evento desse porte, tínhamos que estar extremamente preparados, alinhados e prontos para agir em qualquer situação.

Tudo parece estar perfeito? Isso é um risco.

Uma vez, um dos diretores do Fórum me disse algo que levo para a vida: “está tudo pronto. O evento está perfeito, temos os melhores equipamentos, as melhores equipes e a melhor qualidade. Mas é nessa hora em que achamos que temos tudo sob controle que os principais problemas podem aparecer. Se estivermos olhando para o lado, distraídos ou relapsos, não perceberemos os erros a tempo de corrigi-los rapidamente. Por isso, esteja ligado principalmente nos momentos em que achamos que está tudo perfeitamente bem. Se somos os melhores nisso que estamos fazendo é porque estamos ligados em tudo ao nosso redor, nos planejamos e agimos rápido, muito antes dos outros e até de nossos clientes perceberem.”

Foi uma lição e tanto. Mesmo com todo o planejamento e tecnologia, não podemos prever fatores aleatórios. Imprevisibilidades sempre acontecem, mesmo em um grande evento como o Fórum Econômico Mundial. A escolha que tínhamos era de sempre tentar rapidamente resolver no ato e não deixar que piorasse. Caso não fosse possível, buscaríamos alguma solução, uma outra maneira e até um improviso bem feito e já previsto para continuar entregando o melhor. E se mesmo assim não fosse possível, o pensamento era “reveja o processo rapidamente, desvie a rota, e nem mesmo os clientes vão perceber o quão sério era o problema”. Adaptação intrínseca à percepção é o melhor remédio.

Desenvolva a habilidade de se antecipar aos problemas.

Nos trabalhos que realizo junto a empresas e entidades, sejam em criatividade, inovação, comunicação e marketing ou eventos, sempre percebo situações adversas que podem acontecer ou que estão circulando nos ambientes. Minha atitude é simplesmente tentar antecipá-las, me preparando para elas junto ao meu cliente. Essa habilidade, é claro, desenvolvemos com tempo e experiência, mas todos somos capazes de nos anteciparmos e adaptarmos. No final, continua sendo uma questão de ouvirmos nossa intuição e experiência, que estão sempre tentando nos dizer algo do que devemos ou não devemos fazer.

Finalmente, há também situações adversas e fatores aleatórios graves que acontecem e que, por mais preparados que estivermos ou mais rápidos que formos em nos adaptar, podem ser impossíveis de serem corrigidos, atenuados ou resolvidos. Talvez eles indiquem ruptura, mudança e novos caminhos. Recomeço e quebra. Mas continuamos a ter possibilidade de adaptação.

Afinal, somos nós e nossas circunstâncias. Não adianta brigarmos contra elas. Precisamos saber identificá-las e usá-las a nosso favor. Caso contrário, elas lhe serão certamente desfavoráveis, e nós perderemos sempre.

Curtiu? Então dá uma olhada em por que bons profissionais de tecnologia são os que resolvem grandes tretas.

Empreendedorismo, Produtividade

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